Entre os Bantu, ao menos na época das Grandes navegações portuguesas, as mulheres podiam alcançar posições sociais semelhantes às dos homens. Podiam se tornar rainhas ou xamãs/sacerdotisas/feiticeiras. Não é incomum ainda hoje uma mulher poderosa ter vários maridos. Alguns, são, simplesmente, escravos dela. Na Quimbandaoriginal, em terras africanas, a Pombagira ou Exu-mulher, é um espírito que ocupou destas posições de destaque. Por tudo isso, na tradição afro, a Pombagira é a mulher dos sete maridos.
Transportada para o Brasil, a Pombagira é uma entidade perigosa e temida na Quimbanda. É Exu feminino. Como se vê, não se trata, absolutamente, de uma ave bêbada... O termo "pombagira" é uma corruptela de Bongbogira, nome de Exu na língua ritual dos candomblés de Angola, nação Bantu [PRANDI,1996]. A Pombagira é, portanto, um espírito de mulher. Há várias delas; as mais conhecidas são Maria Padilha e Maria Molambo. No sincretismo afro-brasileiro, desprezando ou ignorando o feminismo bantu, todas têm uma precursora em comum: uma prostituta ou cortesã, uma sedutora de baixos princípios morais, amante do sexo, do luxo, dinheiro e todo tipo de prazer material.
Por essas características a Pombagira é invocada para principalmente para solucionar problemas amorosos/sexuais por aqueles que não têm pudores éticos ou têm... baixa auto-estima. São pessoas que apelam para os conhecidos "trabalhos de amarração" cuja expressão popular pode ser vista em panfletos afixados nos postes e classificados de jornal de todas as cidades brasileiras com dizeres do tipo: "Trago seu amor em sete dias"... Como ocultista, esta articulista não recomenda tais procedimentos...
A pombagira usa trajes escandalosos, preferindo as combinações de vermelho e preto. Pode se apresentar como uma prostituta vulgar ou requintada. É perigosa porque é traiçoeira, prestando-se a servir a qualquer consulente, ainda que sejam adversários. As Pombas-giras não cultivam lealdade a ninguém, obedecem unicamente às suas próprias simpatias e interesses. Dizem que é amante dos demônios e mora nas encruzilhadas em forma de "T".
Todas são ditas "bonitas", o que não impede que quem as incorpore seja uma mondrongo [feia, baranga etc.]. A pombagira Maria Padilha é branca e, dela, conta-se que foi uma cortesã de fino trato. Especula-se que tenha sido uma das amantes de Pedro I [1334-1369 - PRANDI, 1996]. Maria Molambo, ao contrário, veste trapos porque passou muita miséria. O pesquisador Reginaldo Prandi conta sua história:
Maria Molambo, chamada Rosa Maria na pipor Ligia Cabúsa batismal, era a noiva prometida a um influente herdeiro patriarcal. Apaixonada por outro homem, fugiu com ele de Alagoas para Pernambuco. O casal foi perseguido pela família ultrajada. Encontrados três anos e meio depois, sofreram o golpe da vingança. O jovem foi morto e Maria, devolvida ao pai, foi expulsa de casa. Como tinha uma filha, Rosa Maria foi trabalhar como doméstica na casa de parentes. Mas a filha morreu e, lançada à própria sorte nas ruas, prostituía-se para sobreviver. Estava já tuberculosa e abandonada quando, falecidos os pais, descobriu-se herdeira de grande fortuna. Rica, dedicou-se à caridade até a morte. Desencarnada, no Além, conheceu Maria Padilha e entrou para a Falange das Pombas-gira. - PRANDI, Reginaldo. Pombagira e as Faces Inconfessas do Brasil. In Herdeiras do Axé − cap. IV
Maria Molambo, chamada Rosa Maria na pipor Ligia Cabúsa batismal, era a noiva prometida a um influente herdeiro patriarcal. Apaixonada por outro homem, fugiu com ele de Alagoas para Pernambuco. O casal foi perseguido pela família ultrajada. Encontrados três anos e meio depois, sofreram o golpe da vingança. O jovem foi morto e Maria, devolvida ao pai, foi expulsa de casa. Como tinha uma filha, Rosa Maria foi trabalhar como doméstica na casa de parentes. Mas a filha morreu e, lançada à própria sorte nas ruas, prostituía-se para sobreviver. Estava já tuberculosa e abandonada quando, falecidos os pais, descobriu-se herdeira de grande fortuna. Rica, dedicou-se à caridade até a morte. Desencarnada, no Além, conheceu Maria Padilha e entrou para a Falange das Pombas-gira. - PRANDI, Reginaldo. Pombagira e as Faces Inconfessas do Brasil. In Herdeiras do Axé − cap. IV
Uma pombagira pode aceitar cachaça como oferenda porém, em geral, são espíritos que solicitam artigos de luxo: champanhe, vinhos, gim, cigarros e cigarrilhas, nada de fumo cru ou charutos, a não ser que sejam cubanos... rosas vermelhas abertas, nunca em botão, em número impar, mel, espelhos, jóias, perfumes.
Dentro de sua especialidade, os casos amorosos, a pombagira realiza diferentes trabalhos; além do encantamento da pessoa cobiçada, ela também pode afastar uma esposa, rival ou inimigo de qualquer natureza.
Maria Padilha
A Pomba-Gira ou Pombajira é um Exu-fêmea. Tal como os Exús, as Pombas-Giras são espíritos em evolução, que já viveram entre os humanos, e que aprendem sobre a vida através de nossa própria vida, enquanto aguardam a sua vez de reencarnar. Os espíritos mais evoluídos são chamados por outro nome. Assim a Pomba-Gira passa a ser chamada de Lebará.
Zaira Male era uma bruxa, que fundou a sociedade “Mulheres de Cabaré Damas da Noite”, local onde as mulheres da “noite” se reuniam, recebiam os homens a quem davam prazer, mas não só. Esse local permitia-lhes reunir-se para aprender a magia, encantos e feitiços, para conseguir obter dos homens tudo o que queriam.
Zaira Male transmitiu ás suas aprendizes o culto ás outras que morressem. Assim nasceu o culto da Pomba-Gira. As antigas, as anciãs incorporavam no corpo das mulheres novas com capacidades mediúnicas para as receber, e transmitir as suas mensagens. Essas mensagens podem ser das mais variadas, no entanto o objectivo principal é o conhecimento da magia e dos encantamentos, que permitirá ás mulheres saber como conquistar o homem amado.
As Pombas-Giras são Exús fêmeas ligadas á sexualidade e á magia, tendo várias áreas de domínio: amor, sexo, sentimentos.
As Pombas-Giras têm um nome cabalístico: KLÉPOTH.
E cada uma atende por um nome diferente: rainha das 7 catacumbas, Maria Padilha…
Maria Padilha é uma das principais entidades da Umbanda e do Candomblé, da linha da esquerda, sendo também conhecida por Dona Maria Padilha, e considerada a Rainha das Pombas-Giras. É a Rainha do Reino da Lira, Rainha das Marias.
É a mulher de Exu Rei das 7 Liras, ou Exu Lúcifer, como é conhecido nas Kimbandas.
Ela é vista como o espírito de uma mulher muito bonita e sedutora, que em vida teria sido uma fina prostituta ou cortesã influente.
Maria Padilha é uma Pomba-Gira poderosa capaz de auxiliar em problemas de amor, saúde, afastar indesejáveis, desmanchar feitiços.
As mulheres que trabalham com esta entidade têm uma personalidade muito forte e são geralmente extremamente sensuais e atraentes. Amam como ninguém, mas se forem traídas facilmente odeiam seus parceiros amorosos.
Maria Padilha é a protectora das prostitutas. Gosta do luxo e do sexo. Suas roupas são geralmente vermelhas e pretas, usa uma rosa nos seus longos cabelos negros. É uma Pomba-Gira que gosta de festas e dança.
Os seus dons: dom do encantamento de amor.
As suas oferendas são: cigarros, champanhe, rosas vermelhas em número ímpar, jóias, cosméticos, espelhos, mel, licor de anis.
Os seus trabalhos são geralmente despachados em encruzilhadas em “T”.
Os sacrifícios a oferecer-lhe: galinha vermelha, cabra, pata preta.
A saudação a Exú: Laroyê, Exu! (“Salve, Exu!”)
Maria Padilha, tem vários nomes:
- Maria Padilha Rainha dos 7 Cruzeiros da Kalunga;
- Maria Padilha Rainha das 7 Encruzilhadas;
- Maria Padilha Rainha dos Infernos;
- Maria Padilha Rainha das Almas;
- Maria Padilha das Portas do Cabaré;
- Maria Padilha Rainha das 7 facas;
- Maria Padilha Rainha da Figueira…
O maior segredo para pedir e obter o que pedir para Maria Padilha, está na fé nela e no respeito por ela.
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Mundos Ocultos Por Allenozth